Nutricionista a favor ou contra a proibição de remédios para emagrecer?

A matéria de capa da revista Veja dessa semana está dando o que falar. Tenho ouvido muita gente falar revoltada, sobre a possibilidade de a Anvisa proibir definitivamente, a venda de drogas utilizadas em processos de emagrecimento.

Sei que, como nutricionista, eu deveria dar total apoio a essa decisão, já que o “combo” alimentação saudável + exercícios físicos (aliados à dedicação) surtiriam efeito positivo e salutar.

Ocorre que, nem sempre, a pessoa come demais simplesmente porque é gulosa. Problemas hormonais e de neurotransmissores podem colaborar com o insucesso desses pacientes. Além disso, drogas anorexígenas pertencem à classe de medicamentos mais vendidos do Brasil (isso sem mencionar os “produtos naturais” vendidos “no mercado negro” e que não fazem parte das estatísticas).
Pensemos:

1. 
   
   A total proibição dessas drogas poderá aumentar ainda mais a venda ilegal dessas substâncias. Será muito mais caótico, os pacientes fazerem uso deles, sem acompanhamento médico.
   
2. 
   
   As cirurgias bariátricas não serão as próximas anfetaminas? Vão proibí-las um dia também?

Na minha opinião, essa proibição trará mais problemas do que solução.

Penso que o correto seria o médico avaliar a real necessidade do paciente usá-lo, e ao prescrever o medicamento, orientar o paciente a fazer um acompanhamento nutricional, a fim de que o uso do medicamento seja proveitoso porém curto, já que após determinado tempo de uso, o efeito “emagrecedor” cede lugar à dependência, sem resultados tão promissores.

As pessoas precisam perceber, as anfetaminas não são queimadores de calorias mágicos, ou seja, “posso comer o que eu quiser, pois as bolinhas me farão emagrecer do mesmo jeito... ou pelo menos, não me deixarão engordar”. É preciso INFORMAR, EDUCAR! E não simplesmente proibir.

Eu usei, durante muito tempo essas substâncias. Um dia, decidi que não as queria mais e interrompi o uso abruptamente. Como resultado, passei por uma fase obscura e depressiva de minha vida: sem autoconfiança, sem motivação e com um apetite maior ainda do que o de antes de consumi-las. Achava que estava enlouquecendo, fiquei deprimida e perdida foi bem difícil me reerguer.

Foi aí que, “vagando” pela internet de madrugada, me veio a idéia de tentar entender fisiologicamente como uma pessoa engorda. Nesse dia, decidi que queria ser nutricionista! Porque se eu tivesse sido bem informada: os benefícios da alimentação saudável, o que é essa tal alimentação saudável, como essas drogas agiriam no meu corpo, talvez, eu não tivesse passado por tudo aquilo.

É muito fácil criticar quem usa remédios para emagrecer. Mais fácil ainda, dizer que a pessoa não tem força de vontade, ou falar para ela que ela poderá ter um ataque cardíaco se continuar usando o medicamento. Ora, a obesidade também poderá causar-lhe esse ataque!
Por que ninguém explica direito para as pessoas como elas engordam e como as anfetaminas poderão, um dia (se não hoje), causar-lhes outros problemas de saúde e ainda, como largar, paulatinamente essas substâncias e aprender a ter uma relação mais saudável com a alimentação?

Para deixar claro: não sou a favor de iniciar o uso de anfetaminas, mas depois que o paciente já as consome, acho que o desmame deve ser feito com muito cuidado! A proibição não é a solução!

Nesse link há um texto bem elucidativo sobre essas substâncias e seus efeitos colaterais.
Você também poderá ler mais aqui e aqui .

Veronica E. L. Mendes

Nutricionista